O Espírito Puro

Tomo II

Companheiros

Em meio ao movimento da cidade de Gludio, Aura, de mãos dadas com Chybiko e Akenehy com Chyeko, procuram um lugar para pousar. Aura se abaixa em frente às duas pequeninas e pergunta se era o que realmente desejavam: acompanha-las, já que elas haviam dito que eram do orfanato há alguns anos, e após ser destruído pelos lagartos humanoides, elas apenas viviam da ajuda dos habitantes de Gludio. As anãzinhas dizem que sim, agarrando o pescoço de Aura, a elfa olha para Akenehy, que apenas sorri.

Akenehy observa o templo da cidade e diz que deseja ir até lá, sua irmã somente abaixa a cabeça como um “sim”. Akenehy pergunta então para as anãs, que já se sentiam bem melhor, se desejavam acompanha-la. Elas dizem que sim animadas e Chybiko pergunta:

– E você, Aura? Onde é que vai?

~ Vou procurar um lugar para nós ficarmos. Vão com Akenehy e nos encontramos depois.

As três vão e Aura primeiramente procura por informações sobre as duas anãs.

Mais tarde estão todas elas em uma pequena casa nos fundos da cidade. Como pretendiam ficar somente uma noite, a dona da casa, uma anã que já conhecia as pequeninas, ofereceu a hospedagem com muito bom grado.

Enquanto todas descansavam na silenciosa noite, Aura organizava as provisões para a nova caminhada à próxima cidade, Dion.

Na manhã seguinte, antes mesmo da cidade acordar, Aura vai ao Templo de Einhasad, entra devagar admirando a beleza da arquitetura, diferente da dos elfos, pára, e logo após sente alguém se aproximando. Raymond, sumo sacerdote daquela cidade, notara no olhar da elfa que ela era nova por ali. Ele vai até ela e faz algumas perguntas; Aura fala um pouco sobre a sua vida na vila dos elfos, sobre o que segue e como chegou à cidade. O sacerdote ouve atentamente, caminha e faz-se um silêncio.

...

Aura sai do Templo com as palavras do sumo sacerdote em sua mente: “Elfa Mística”.

O caminho não foi longo e chegando em Dion logo encontram um lugar fixo para ficar. Passam-se anos e cada uma vai se fortalecendo e seguindo seus interesses. Aura saía da cidade em várias buscas, por aprendizado, ao auxílio dos moradores da cidade e dos arredores; Akenehy, por recomendação dos sacerdotes, fez uma breve viagem à cidade de Gludin, adquiriu mais conhecimento de cura e bênção, prestava então serviços a doentes e feridos em Dion; Chybiko era organizada e Chyeko tinha muita habilidade com as mãos, fizeram amizade com os anões da cidade e sempre iam visita-los e ajuda-los em pequenos serviços. Aura havia preparado as pequeninas para qualquer imprevisto de separação, então eram todas muito independentes.

Em uma das saídas de Aura, estava ela em frente ao rio que banha as terras da Vila Floran, ao sul de Dion. Observava as águas, ouvia os sons das folhas das árvores ao balançarem com o vento... Caminhou até o rio, até onde as águas tocassem seus dedos, fechou seus olhos e começou a ver em sua mente a imensidão dos campos de sua terra natal e os animais e seres que ali habitavam, em sincronia com os sons da natureza local. Uma brisa sopra em seu rosto, Aura dá um suspiro profundo, e segundos depois nota um som diferente, algo semelhante ao som de um cavalo. Ela abre os olhos lentamente e admira aquela energia em sua frente, que a reverenciava como um: “guie-me”.

Aura invocara um unicórnio, ser puro que ela tanto admirava em sua terra.

No caminho de volta para casa, junto com seu companheiro, ela encontra um filhote de lobo ao lado de outro grande deitado. Ao se aproximar nota que era a mãe, que provavelmente foi morta por algum caçador. Aura se abaixa, acaricia o filhote e diz:

~ É... Entendo como deve estar se sentindo. Vou cuidar de você.

 A elfa carrega o pequeno lobo consigo e ao chegar à casa, as anãs pulam de alegria e mal deixam o filhote de lobo descansar. Akenehy olha atrás de Aura e pergunta:

– Um novo companheiro?

Aura olha para o unicórnio e responde orgulhosa:

~ Sim, companheiro eterno.
~ E aquele ali... Eu trouxe pensando em vc, minha irmã.

As duas elfas observam as anãs abraçando o filhote de lobo, e Akenehy diz:

– Inuki.